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Camélias da cidade

Soa a paradoxal o título desta exposição, que valoriza uma flor no contexto urbano, isto é, uma natureza domada e não selvagem. Parece, por essa razão, indiciar que se trataria de uma mostra que segue uma lógica contrária à essência libertária do impulso criativo da arte. Por outro lado, a preposição da pode significar que se estaria a destacar estas camélias das outras, ditas silvestres, evidenciando-se como potência e não como reducente. A camélia ocupa um lugar fundamental na história de Portugal e particularmente das gentes do Porto sendo, entre outros símbolos, um forte exemplo das relações transfronteiriças que o país desenvolveu, principalmente entre o Oriente e o Ocidente, mas também com Espanha e Inglaterra. Paralelamente, a flor silvestre nos países de origem, como China e Japão, só existe em Portugal como flor domesticada, sendo, por essa razão, uma flor de cidade, urbana e decerto humanizada. -Então como serve o título, esta exposição? A camélia é o exemplo da devoção à criação estética porque a sua expansão internacional resulta do interesse na planta original, sobretudo no processo da sua mutação e refinamento com as consequentes transformações por parte dos seus admiradores e tratadores. É por isso uma forma natural que se afina com o humano, assumindo variáveis que refletem sobre o contexto espaciotemporal onde se desenvolve em que, a forma, é resultado de investigação, de esforço, de admiração. E, assim, o é a arte! Como a camélia, a arte, tem origem selvagem, o impulso criativo, que o humano foi aprimorando, transformando e impregnando de cultura pessoal, local e temporal, numa síntese entre conceito e forma, mas preservando a origem. A arte é natureza humana, e muito provavelmente, natureza urbana.

Chegamos então a esta exposição que reúne 15 artistas, com expressões, formas e conteúdos bastante diveros. São autores que, para além da afiguração das suas produções, divergem nas origens e nos contextos, e se reúnem ao redor da obra e memória de José Rodrigues, num diálogo de diferenças e não de tangencias. Pintura, escultura, intermédia partilham o mesmo espaço, reunindo 14+1 artistas, sendo que o lugar de José Rodrigues deverá ser sempre destacado, não como mais um, mas como figura singular, evidenciando o papel fundamental que representa na história da arte, do país e da cidade. São 14 artistas que se cruzaram na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, impelidos pelo aprimoramento do pulsar criativo, pela asserção estética própria, pela a afirmação da sua natureza individual e que se reúnem com José Rodrigues, igualmente parte da história da instituição. E encontramos em Rodrigues o exemplo de como natureza e urbano se entrecruzam, como figura que procura aprimorar o que a Natureza originou. Camélias da cidade é, então, uma referência ao desejo de admirar, perceber e aprimorar o que a natureza silvestre produziu, ímpeto criador que, qual anseio bravio, se aperfeiçoa com esforço e dedicação, na busca de uma forma que não abdique da sua origem, mas que se apre- sente como feição nova, que nos é devolvida num jardim, numa praça, numa parede, numa galeria.

Domingos Loureiro

FBAUP/I2ADS

AGNELO JESUS
ALEXANDRE COXO
ANTÓNIO BAHIA
CAROLINA VIEIRA
DANIEL GAMELAS
DANIELA PINHEIRO
DOMINGOS JÚNIOR
ESTER MONTEIRO
INÊS OLIVEIRA
JOÃO MIGUEL RAMOS
JORGE MARINHO
JOSÉ RODRIGUES
PEDRO CUNHA
PEDRO DO COUTO LOPES
TIAGO CRUZ
11
MAR
21
ABR
13

MAI

INAUGURAÇÃO:

Concerto de música clássica dedicada ao tema das Japoneiras (Camélias).

Sérgio Almeida - Piano

Diogo Almeida - Violino

Lançamento do livro "Incontronável" de Daniel Sousa.

CERIMÓNIO DE ENCERRAMENTO:

Mesa redonda com:

Eduarda Neves

José Maia

Mário Bismarck

Lançamento do videojogo de Ricardo Mota.

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LOCALIZAÇÃO

CALENDÁRIO DO EVENTO

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