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DOMINGOS JÚNIOR


Tem exposto, com regularidade, em galerias nacionais e em certames nacionais e internacionais.
2013 - Formações em Ilustração Cientifica, sob orientação do mestre Fernando Correia.
2001 a 2007 - Docente na UTAD, nos cursos de Educadores de Infância, Professores do 1º ciclo, Arquitetura Paisagista e Engenharia Ambiental.
1990 a 2004 - Docente na ESAP, curso de Arquitetura.
1978 - 2013 - Docente das disciplinas da área de Expressão Plástica do 2º ciclo do Ensino Básico.
1997/1998 - Realizou a parte curricular do Doutoramento, na FA Valladolid.
1995 - Realizou uma Pós-Graduação integrado no Projeto 11 da UNESCO.
Licenciatura em Arquitetura.


O conhecimento artístico do corpo não é explicativo, apesar de racional. Muito conta a observação do corpo a partir do rigor, da limpidez, do definido pela inteligência, mas também do misterioso, do vago, do indefinido das emoções. A intuição do artista, essa operação capaz de tornar única, irreplicável, a expressão do “seu” corpo, molda-lhe a originalidade, traz-lhe o belo como unidade perfeita da ideia e do sentimento com que reconstruiu cada uma das suas partes. O corpo aprendido pela inteligência entaipada pela emoção aproxima a representação da ação do corpo do juízo que essa ação atribui ao mundo.
E que corpo opera a intuição do artista Domingos Júnior?
Amoldando-o à linguagem simbólica da natureza, incorporando-o na sua ecologia, transfigurando-o para o desligar ou religar à paisagem. Ora o contorce em linhas brancas num palco preto colado, ora o rendilha de preto em fundo branco. Assim devolve este outrocorpo à sensibilidade de quem a sua obra lê (ou treslê), exibindo-o com posturas que iluminam a dimensão sexual do uso do corpo. Pelo que se pode entender, na pose e exibição do corpo insinuado, adivinham-se caprichos desconhecidos, estranhas volubilidades sem que, contudo, se pressinta outra vontade que não seja de se ajustar ao lugar, de lhe pertencer, mas sem que nele se dissolva irremediavelmente. De facto, persiste sempre no corpo o desejo de evasão. A construção da identidade do corpo navega na ambiguidade de querer pertencer a um lugar e a de daí fugir para cumprir o projeto do sonho ou da ação.
O palco emoldura-lhe os gestos, os movimentos, harmonizam-no com o lugar, ao mesmo tempo que lhe resguardam a autonomia, o movimento, o ritmo. Caso contrário, morria o corpo na paisagem e deixaria de ser corpo, apenas paisagem! Caso contrário, desprender-se-ia o corpo da paisagem e deixaria de ser corpo, apenas miragem!
Terá Domingos Júnior, nesta obra, resistido à tentação da condescendência extasiada da paisagem à superfície do olhar?
É evidente que não. Desenhar é compor paisagem e não há como lhe resistir. Em cada detalhe de desenho uma revelação singular da obra da natureza que observou ativamente, como se coubesse a todo o amador das artes plásticas, para lhe aperceber o talento, o imperativo de ser botânico profissional.
Mas o que a sua arte parece informar-nos vai mais longe do que a descrição. Fala-nos da modelagem do humano na profundidade da cultura e da historicidade da sua relação com a natureza (do ver a profundidade em toda a sua extensão). Talvez por isso nos isente da distração da cor, do brilho e correlativamente de todas as texturas que desvelam. Apenas linhas, formas e superfícies se sobrepõem oferecendo-nos um mundo onde a nudez erótica seria presença absurda, um peso morto no espaço, se não se adivinhasse, pela errância do preto para o branco e pela sua presença omnisciente, o fado de ser nómada não por que se mexe, mas por que se pensa a si (melhor: nos faz pensar a nós) no imemoriável da paisagem.
Professor Doutor Casimiro Pinto

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